Que tipo de influência causa a estética da arquitetura em nossa vida cotidiana? A arquitetura é compreendida pela sociedade contemporânea como uma forma de arte.
E como toda forma de arte que não é entretenimento, é considerada artigo supérfluo. Qualquer esforço para levá-la a sério, futilidade. O próprio termo “arte” tornou-se depreciativo. A chamada praticidade da vida moderna desdenha dos prazeres ou atividades não lucrativas.
Ocorre que, conforme nos diz o filósofo suíço Alain de Botton, em seu livro “Arquitetura da felicidade”, muitas vezes o aparente desapego aos valores estéticos serve apenas para nos proteger da inevitável angústia de viver em ambientes feios, mal cuidados, sem ventilação, ou, no mínimo, sem graça. Ambientes que não escolhemos, que não foram feitos para nós, mas aos quais nos acostumamos e nos acomodamos.
Mas o meio em que habitamos se nos impõe e nos impressiona, queiramos ou não. Seremos pessoas diferentes, porque nos sentiremos diferentes em lugares diversos. Então eu pergunto: “Como se sentirão nossas crianças em salas com janelas que parecem as de uma prisão, e pintura manchada, e carteiras rabiscadas?” . “E como se sentirão nas salas monótonas, corredores frios e pátios pouco iluminados?”
A arquitetura não diz respeito apenas à funcionalidade do edifício. Isso é premissa básica. A boa arquitetura lida com as emoções que o espaço, ao nosso redor, nos provoca. Ela deve conversar com nossos alunos e acolhê-los, e alegrá-los e estimulá-los.
Luzes, cores, pés direitos generosos, escadarias majestosas, rampas sinuosas, empenas imponentes e desafiadoras, ou, por outro lado, singelas varandas cobertas por telhas vãs, a brisa natural por entre os vãos de uma treliçada, os ladrilhos pintados que nos lembram da infância... Nada disso transforma nossa personalidade, mas certamente tem o poder de mudar nosso humor e, de alguma forma, nos dar esperança.